sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O creme Chantilly

Foto: Miriam ATG 

Se você conhecia o Castelo de Chantilly apenas pela festa de um casamento entre Ronaldo e Daniella Cicarelli que aconteceu ali, mas não valeu, conheça a historia do creme Chantilly. 
O creme "chantilly" decora freqüentemente sobremesas, sorvetes e frutas, a sua história é incerta e as suas verdadeiras origens permanecem misteriosas até hoje. 
Muitas lendas surgiram ao longo dos séculos, a mais famosa está relacionada com o grande Vatel, mas nenhum é autêntica. Alguns esclarecimentos históricos é necessário.
A invenção do creme Chantilly é freqüentemente e erroneamente atribuída a François Vatel, que trabalhava aos serviços de Louis II de Bourbon-Condé, chamado de "Grand Condé", primo do rei e proprietário do Castelo de Chantilly. 
Em abril de 1671, Vatel é encarregado de organizar uma recepção à Louis XIV e a sua corte para selar a reconciliação entre os primos, após o Grand Condé ter cometido uma traição. A recepção durou três dias, uma sucessão de refeições, iluminações, caças e outras distrações de uma suntuosidade raramente vista.
O fato do assado para o dia seguinte não ter ficado pronto, Vatel se suicida porque não pôde suportar a indignidade do fracasso.
Certamente inspirado por problemas de abastecimento, dizem que também não tinha creme. Vatel, buscando compensar essa escassez, teria batido fortemente o pouco creme que tinha para dar-lhe volume e teria chamado de "Chantilly". 
Há muitos mistérios em torno deste personagem (suas origens, sua formação, suas funções reais ...) que contribuíram para criar o "mito Vatel", cujos dois erros mais comuns são de apresenta-lo como um cozinheiro e atribuir a invenção do creme Chantilly. 
Na verdade, nenhum texto da época, que seja as cartas de Madame de Sévigné para sua filha Madame de Grignan ou a história de "A festa de Chantilly" publicada na Gazette de 8 de Maio 1671, que contam com detalhes o festim servido durante os três dias, não fazem nenhum comentário sobre o creme Chantilly. 
Restaurando um pouco a verdade, sabemos que o creme batido é apreciado desde o tempo de Catarina de Médici. Mas o açúcar é completamente ausente dessa receita. 
Foi somente no final do século XVIII que uma associação real é feita entre o creme dito "Chantilly" e o lugar testado, no Castelo de Chantilly.
O proprietário do castelo, Louis-joseph de Bourbon, o Príncipe de Condé, inspirado nos escritos de Rosseau, que ressaltava o retorno à natureza, à vida saudável e simples dos camponeses, construiu o "Hameau de Chantilly" que eram sete casas campestres situadas ao leste do parque do castelo: um estábulo, um laticínio, um moinho, uma taberna, um celeiro e duas casas rústicas, de palha, formando uma pequena aldeia em uma paisagem com sombra. Se o celeiro, laticínios e moinho garantiam suas verdadeiras funções, havia dentro das outras construções, um luxo principesco: uma sala de jantar, uma sala de bilhar, um salão… 
Em 1775, o Príncipe de Condé organiza regularmente jantares e lanches para sua família. Abriga ainda convidados especiais como em 1777, o imperador Joseph II, irmão de Marie Antoinette (que vai construir em Versalhes, o Hameau do Trianon), assim como as filhas de Luís XV. O "Hameau de Chantilly" é o local de celebrações magníficas marcadas por concertos, passeios em canoas no pequeno canal e jantares refinados. Em 1782, Louis-Joseph recebe o Conde do Norte, que não é outro senão o futuro czar Paul I que veio incógnito visitar a França com sua esposa Marie Féodorovna.
Entre os convidados, uma amiga de infância de Marie Féodorovna, a Baronesa Oberkirch. Ela descreve em suas memórias, informações valiosas sobre a recepção: "O jantar foi servido no Hameau, pitoresca reunião de construções  campestres em meio a jardins ingleses. A maior das cabanas é forrada no interior com folhagem verde e o exterior está rodeado por tudo o que é necessário para um bom trabalhador. Foi nessa casa que forma uma única peça oval, com uma dezena de pequenas mesas, cada uma podendo acolher dez a doze convidados. Era conveniente, alegre, improvisado e perfeitamente bem imaginado."
Dois anos mais tarde, a Baronesa Oberkirch é novamente convidada para um almoço no Hameau de Chantilly. Ela menciona em suas memórias que "ela jamais comeu um creme assim tão bom, apetitoso e bem firme. Havia um prato de frutas apresentadas com um tal primor, envolvidos pela mousse, com flores do campo e ninhos de pássaros nos quatro cantos, tornando ainda mais bonito de se olhar. Assim, pela primeira vez, nasceu o nome creme chantilly em Chantilly !  
Restou o grande mistério entre o creme do século XVII e o creme Chantilly de 1784. 
Quem foi o cozinheiro que teve a idéia de colocar açúcar no creme ? 
Qual convidado do Príncipe de Condé batizou o creme de Chantilly ?  
Numerosas receitas guardam o segredo do seu nascimento, nos dando o prazer de inventar historias maravilhosas. 
Muitas vezes, o nome na gastronomia, é antes de tudo um amplificador do prazer mais do que um marco histórico pelas imagens e os sonhos que se cria durante a sua degustação. 
Então, ao degustar o creme Chantilly, sonhamos com os fabulosos jardins de Chantilly e do refinamento dos lanches campestres do século XVIII.
 Castelo de Chantilly - Foto: Miriam ATG
Para quem deseja saber mais sobre François Vatel, assista o filme "Vatel - Um Banquete para o Rei" (1999), no papel principal, Gérard Depardieu. Ai você também descobrirá que um convite para "tomar um chocolate" (considerado na época, um afrodisíaco), era um convite para uma "noite de amor"…

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Marron glacé, você ja experimentou ?

Uma arvore feita de marron glacé na vitrine da Foucher  - Foto: Miriam ATG 
O marron glacé é um doce refinado, feito à base de castanha e açúcar. 
No Brasil,  é feito com batata-doce, que também acho uma delicia, mas para os iniciados no verdadeiro marron glacé, quando estão na França, se deliciam, mesmo que o preço assuste um pouco. 
A caixinha com 220 gramas custa 28 € - foto: Miriam ATG

O preço justifica pelo trabalho em ser produzido. A realização é bem longa, são  16 etapas, segundo a receita de Clément Faugier, que foi o primeiro fabricante de marron glacé em 1882, na região de Ardéche, na França. Essa foi a primeira região produtora de castanhas, tanto em volume como pela qualidade. Com a crise da cultura do bicho-da-seda, a mão de obra existente no local voltou-se para a fabricação desses doces finos.
A preparação começa por uma rígida seleção de castanhas, elas têm que ser grandes, perfeitas e macias. Após serem cozidas ao vapor, a fina casca que a envolve é retirada com uma faca. A castanha é uma fruta delicada e se fragmenta facilmente. Ela é envolvida em um tule branco e colocada dentro de uma calda de açúcar perfumada com baunilha durante vários dias. Depois passa por um túnel de secagem que dá o aspecto brilhante. O marron glacé é embrulhado manualmente, exigindo muita delicadeza. 
As castanhas que se quebram durante a sua transformação, Clément Faugier teve a idéia de aproveita-las, criando assim, o "crème de marron", que o tornou famoso.  O bolo da foto é feito desse creme de marrom.
Bolo ao creme de marrom e chocolate decorado com marron glacé - Foto: Miriam ATG 

Existem várias teorias na origem do marron glacé, alguns dizem que é italiana, outros dizem que é francesa, o certo é que surgiu em meados do século XVI.
Esses doces deliciosos são encontrados a partir do mês de novembro em lojas especializadas, nas chocolaterias e docerias em geral. 

Receita do "Gateau aux crème de marrons et au chocolat":
- 1 lata de creme de marrom da marca Clément Faugier
- 100 g de manteiga
- 100 g de chocolate em barra
- 3 ovos
Derreter a manteiga e o chocolate em banho-maria.
Misturar o creme de marrom e os ovos.
Acrescentar a manteiga e o chocolate.
Misturar bem.
A receita é assim mesmo, sem farinha e sem fermento.
Colocar numa forma untada com manteiga e levar ao forno (200°C), após   50 minutos, utilize uma faca e afunde no bolo, se a faca  sair limpa, pode tirar do forno e deixe esfriar.
Eu passo o açúcar de confeiteiro em cima do bolo com a ajuda de uma peneira, mas apenas antes de servir. 
Quanto  à lata de crème de marron da marca Clément Faugier, acredito que em cidades grandes é possível encontrar facilmente em lojas de produtos importados.


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Uma delicia de vitrine da J'adore da Dior


Foto: Miriam ATG

Foto: Miriam ATG 

Soldes: a grande liquidação de inverno 2015 em Paris !


Começa amanhã, dia 07 de janeiro, a partir das 8 horas,  terminando no dia 17 de fevereiro !
Desta vez são 06 semanas de liquidação, normalmente são apenas cinco semanas. 
Antes e depois do Natal, alias, durante o ano todo, as lojas fazem promoção para aumentar as vendas, sinal de que o consumidor francês tem gasto menos, é a crise de 2008 que ainda persiste… 
Atenção às mensagens nas lojas de que não aceitam trocar ou a devolução do produto. 
A lei diz que o cliente tem o direito de trocar ou ser reembolsado se descobrir que o produto adquirido possuir um defeito de fabricação.
Boas compras !

Dia 06 de janeiro: Dia da Epifania do Senhor

Foto: Miriam ATG

Hoje, dia 06 de janeiro, no calendário católico,  celebra-se a Epifania do Senhor (do grego epiphaneia: aparição, manifestação), os portugueses comemoram os  "Reis Magos", os franceses  com a "gallete des Rois" que é um tipo de bolo à base de massa folhada recheada com um creme de amêndoa, onde uma estatua em miniatura feita de porcelana é colocada dentro da massa. 
As padarias vendem juntamente com uma coroa dourada de papel, porque a tradição manda que a criança da casa vá embaixo da mesa e escolha por ordem à quem deve ser entregue as fatias da galette. Quem encontrar a estatua em miniatura é a rainha ou o rei neste dia. 
Atualmente, as galettes des Rois são vendidas durante todo o mês de janeiro. 
Os encontrados nos supermercados, feito industrialmente, custam a partir de 4 euros, as padarias comercializam entre 15 à 25 euros, e os grandes chefs  à 40 euros. 
Os franceses consomem 30 milhões de galettes des Rois a cada ano.

domingo, 4 de janeiro de 2015

A grande surpresa na Champs Elysées no dia 31 de dezembro 2014


Eu havia postado recentemente  sobre o ultimo dia do ano em Paris, afirmando que nunca há fogos de artificio na avenida mais famosa do mundo, com exceção do réveillon de 2000.
Pois nesse réveillon 2015, houve uma projeção surpresa de som e imagem doss monumentos históricos da cidade (Pirâmide do Louvre, Igreja La Madeleine, Centre Pompidou, mapa do transporte publico, etc) sobre o Arco do Triunfo. 
E no final, a queima  dos fogos de artifícios que durou apenas um minuto.
Evento que não foi anunciado pela imprensa, foi iniciativa  da nova prefeita de Paris, eleita no ano passado, Anne Hidalgo. 
Quem tiver paciência de assistir são 15 minutos de espetáculo  clique aqui

Dia 21 de junho: Festa da Música é a melhor festa popular na França

  Esta é a 41a. Fête de la Musique - Festa da Música na França, que é uma das festas mais populares por ser também a mais democrática, desde...